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Morte barata.

O Brasil discute a reforma tributária – e, como de (péssimo) hábito, a indústria do álcool flerta com o coitadismo, em lágrimas para não pagar mais impostos. O argumento é o de que ela já dá muito em tributos, além de gerar muitos empregos.

É o velho argumento de que o dinheiro sempre pode comprar tudo.

Mas nem sob o aspecto puramente material a desculpa faz sentido.

A própria indústria diz que, se muito, devolve à sociedade, na forma de imposto, algo que, no melhor dos seus sonhos, seria próximo a 0,4% do PIB[1]. Mas, entre acidentes de trânsito, casos de violência, doenças crônicas secundárias e aposentadorias precoces, sabe-se, já há algum tempo, que a indústria do alcoolismo custa 7,3% do PIB para o Brasil[2].

Para cada 1 real que entrega, a indústria do álcool toma outros 15 da sociedade brasileira. E nem é o caso, por ora, de relembrar o drama pessoal de quem vê um familiar amarrado à grade de um leito de hospital do SUS, para não se automutilar em razão da síndrome de abstinência.

Não, não vamos advogar por pancadas de equivocado moralismo – mas a verdade é que, a considerar pelo que paga de imposto, a morte é barata no Brasil.

 

 

 

 

 


 

[1] Folha de S. Paulo, edição de 25.06.24, matéria intitulada “Empresas de tabaco, cerveja e petróleo tentam fugir de ‘imposto do pecado’”.

[2] Pesquisa efetuada pela Vital Strategies Brasil, noticiada em artigo publicado por seu diretor-executivo, Pedro do Carmo Baumgratz de Paula, no Valor Econômico de 10.07.24, intitulado “Falsos dilemas do imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas”

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