O Brasil discute a reforma tributária – e, como de (péssimo) hábito, a indústria do álcool flerta com o coitadismo, em lágrimas para não pagar mais impostos. O argumento é o de que ela já dá muito em tributos, além de gerar muitos empregos.
É o velho argumento de que o dinheiro sempre pode comprar tudo.
Mas nem sob o aspecto puramente material a desculpa faz sentido.
A própria indústria diz que, se muito, devolve à sociedade, na forma de imposto, algo que, no melhor dos seus sonhos, seria próximo a 0,4% do PIB[1]. Mas, entre acidentes de trânsito, casos de violência, doenças crônicas secundárias e aposentadorias precoces, sabe-se, já há algum tempo, que a indústria do alcoolismo custa 7,3% do PIB para o Brasil[2].
Para cada 1 real que entrega, a indústria do álcool toma outros 15 da sociedade brasileira. E nem é o caso, por ora, de relembrar o drama pessoal de quem vê um familiar amarrado à grade de um leito de hospital do SUS, para não se automutilar em razão da síndrome de abstinência.
Não, não vamos advogar por pancadas de equivocado moralismo – mas a verdade é que, a considerar pelo que paga de imposto, a morte é barata no Brasil.