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Implicações das apostas online na saúde mental

O episódio 7 do podcast Sem Dependência trouxe à tona uma discussão urgente e ainda pouco enfrentada com seriedade no Brasil: o crescimento descontrolado das apostas online — popularmente conhecidas como bets — e seus impactos diretos na saúde mental da população. O programa contou com a participação dos especialistas Paulo Leme Filho, Miguel Tortorelli e Fábio Piperno, que analisaram o fenômeno sob as perspectivas social, política, econômica e de saúde pública. O debate destacou que, embora o jogo esteja presente em diversas culturas ao longo da história, o avanço da tecnologia aliado à ausência de regulamentação adequada criou o cenário ideal para uma nova forma de dependência. “Há 50, 60 anos, para uma pessoa jogar, existiam diversas barreiras sociais e físicas que inibiam esse tipo de comportamento. Hoje, basta um celular e, em poucos segundos, já se está apostando tudo”, alertou o advogado Paulo Leme. Outro ponto central do episódio foi a ausência de uma tributação efetiva sobre as casas de apostas, que movimentam bilhões no país. “Desde 2018, quando a atividade foi regulamentada, o setor passou anos sem pagar impostos. Agora que se discute tributar em 12%, há resistência”, criticou Piperno. Os especialistas alertam que, em meio a uma crise de arrecadação, setores como o das bets seguem pouco fiscalizados, apesar da crescente associação com casos de endividamento, ansiedade e depressão.

Apostas, saúde mental e políticas públicas

Para Miguel Tortorelli, a banalização do jogo como “mero entretenimento” mascara uma grave questão de saúde pública. “Nós, da ONG Amor-Exigente, recebemos todos os dias, de todo o Brasil, relatos de famílias que lidam com entes queridos viciados em jogos. Uma senhora que esteve no nosso grupo perdeu cinco mil reais. Os filhos ficaram sem comida, foram pedir na rua e um deles acabou se envolvendo com drogas para escapar da fome”, relatou. O episódio também traçou paralelos entre o avanço das apostas e os impactos já conhecidos do álcool e do tabaco. Segundo os participantes, é fundamental adotar estratégias semelhantes de enfrentamento: ampliar a tributação, promover campanhas de conscientização e investir em tratamento especializado. “Já que o jogo ilícito existe que, ao menos, ajude a pagar as contas do prejuízo que ele provoca”, concluiu Piperno.

Sobre o podcast

O Sem Dependência é uma iniciativa que busca ampliar o debate sobre a dependência química, um tema que afeta diretamente cerca de 10% da população brasileira, promovendo episódios com debates sobre temas atuais. Segundo dados da OMS, quase 30 milhões de brasileiros têm algum familiar dependente químico. Mediado pelo jornalista Hugo Pereira, o podcast conta com presenças como o advogado e escritor Paulo Leme Filho, do coordenador Geral da ONG Amor-Exigente, Miguel Tortorelli e do jornalista Fábio Piperno, além de convidados. O podcast já abordou temas como os impactos do álcool na saúde pública, os desafios no combate à dependência química, como o uso excessivo de álcool ou drogas pode levar qualquer pessoa a comportamentos perigosos, a influência das redes sociais no consumo de álcool, e discussões sobre o que acontece no mundo da dependência química.

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